quinta-feira, 21 de agosto de 2008

As configurações subjetivas da depressão pós-parto: para além da padronização patologizante

Alessandra da Rocha Arrais: As configurações subjetivas da depressão pós-parto: para além da padronização patologizante. (13 de Dezembro de 2005 Orientador: Prof.. Dr. Fernando Luiz González Rey).

Esta tese é o resultado de um estudo qualitativo, baseado na Epistemologia Qualitativa (González-Rey, 2005), cujo principal objetivo foi compreender as configurações subjetiva que estão na base da depressão pós-parto (DPP) em mães com este diagnóstico. Este escrito trata especialmente de 4 dos 13 casos atendidos no Grupo de apoio e orientação a mães com DPP, desenvolvido na Universidade Católica de Brasília, sob minha coordenação. Foi utilizada uma diversidade de recursos instrumentais para a construção de informações: a entrevista de acolhimento, as sessões do referido grupo, o instrumento de completamento de frases e técnicas projetivas. Os indicadores elaborados por meio da análise construtivo-interpretativa levaram a construção de quatro zonas de sentido acerca da configuração subjetiva da DPP: “ser mãe é padecer, mas não no paraíso”; “a mãe desnaturada: a luta pela maternidade inclusiva”; “identidade de enferma: a naturalização da DPP” e “não basta ser pai, tem que participar!”. Este trabalho forneceu-nos elementos reveladores sobre o quão prejudicial pode ser o ideal de maternidade, historicamente apresentado às mulheres como natural e instintivo. Esse ideal integrado a outros elementos subjetivos como, conflitos conjugais e parentais e com a vida profissional, se potencializam na configuração subjetiva da maternidade, por meio dos sintomas da DPP. Portanto, os sentidos subjetivos da DPP não estão limitados ao espaço simbólico, nem real da maternagem em si, mas está integrado por núcleos de sentido subjetivo gerados em outras zonas de sentido da vida da mulher. Assim, esta investigação mostrou-nos que a DPP tem configurações subjetivas que, como qualquer outra configuração humana, se constitue de uma multiplicidade de sentidos altamente subjetivos da história da pessoa e do contexto em que ela vive e foi criada. Por essa razão, este estudo serviu para reforçar nossa crítica a padronização e patologização da DPP, preferindo considerar a mãe sob este diagnóstico como uma mulher r ec m-parida em sofrimento!

Palavras-chave: Depressão pós-parto,ambivalência materna, mito da mãe exclusiva, subjetividade.

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