quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Escolha em situações de risco de crianças com diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

Michela Rodrigues Ribeiro: Escolha em situações de risco de crianças com diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).(29/04/2005, Orientador: Jorge Mendes Oliveira-Castro Neto).

O TDAH é a desordem neuro-comportamental da infância mais freqüentemente diagnosticada na atualidade. O diagnóstico é baseado na tríade sintomatológica: dificuldades de manter a atenção, impulsividade e um excessivo nível de agitação motora. Analistas experimentais do comportamento têm se interessado pela investigação da impulsividade e esse tema está presente em pesquisas sobre Desconto Temporal e Probabilístico. O presente trabalho teve como objetivos (a) investigar a impulsividade, a partir do desconto temporal e probabilístico, de meninos com diagnóstico de TDAH, e compará-la a meninos sem tal diagnóstico, em situações de escolhas hipotéticas que envolviam risco; (b) avaliar o modelo quantitativo que melhor descreve as curvas de desconto e (c) verificar a equivalência ou correlação entre o desconto temporal e o desconto probabilístico. Trinta e dois meninos escolheram entre quantias monetárias de maior magnitude atrasada ou provável e quantias de menor magnitude imediatas ou certas em três experimentos. A cada oportunidade de escolha, o valor da quantia de menor magnitude era ajustado na oportunidade de escolha seguinte, de forma a obter os valores imediatos ou certos equivalentes à quantia de R$ 1000,00, em cinco condições com diferentes atrasos ou probabilidades. No Experimento 1, 16 meninos do Grupo TDAH e 16 meninos do Grupo Controle escolheram entre quantias atrasadas e imediatas, em condições que variaram em 1 dia, 1 semana, 1 mês, 1 ano e 2 anos para ganhar a maior quantia. O Grupo TDAH apresentou maior taxa de desconto que o Grupo Controle. No Experimento 2, 16 meninos do Grupo TDAH e 16 do Grupo Controle escolheram entre quantias prováveis e certas, em condições que variaram em 10%, 30%, 50%, 70% e 90% de chance de ganhar a maior quantia. Nesse experimento foi incluída uma roleta que seguia cada tentativa de escolha e oferecia um feedback sobre ganhar ou perder a quantia escolhida. O desempenho dos grupos foi bastante semelhante e uma análise sobre as respostas de mudança de acordo com o feedback oferecido pela roleta indicou que esta exerceu controle sobre a escolha das alternativas. No Experimento 3, oito meninos do Grupo TDAH e oito do Grupo Controle, foram expostos novamente à situação de escolha com alternativas prováveis e certas, porém sem a roleta. Nesse contexto o Grupo TDAH apresentou maior taxa de desconto que o Grupo Controle. Nos três experimentos uma função tipo-hipérbole apresentou melhor ajuste aos dados de grupo e individuais, quando comparada às funções hipérbole e potência. Foi observada uma correlação negativa dos valores em situação de atraso e probabilidade do Grupo TDAH. Esse dado sugere que não é possível considerar os descontos em situação de atraso e de probabilidade como equivalentes. Análises adicionais sobre a taxa de desconto, a latência para escolher e área sob a curva foram incluídas no trabalho. Os resultados indicaram que os meninos com diagnóstico de TDAH apresentaram maior impulsividade que os meninos sem tal diagnóstico e esse padrão de impulsividade, representado pela taxa de desconto, variou nas diferentes situações às quais o participante foi exposto.

Palavras-chave: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), escolha, Desconto Temporal, Desconto Probabilístico, atraso, probabilidade, impulsividade, crianças .

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